Muito antes do Lago de Palmas dominar a paisagem local, há cerca de 29 anos, Maria Arisleda Silva Rego, já dava os primeiros passos no turismo regional, com uma embarcação de madeira trazida de Carolina (MA), para a travessia da antiga Praia da Graciosa. O despertar para a profissionalização no setor veio com a sugestão do astronauta Marcos Pontes, durante uma apresentação da Esquadrilha da Fumaça na cidade.
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“Investi na construção de uma embarcação de aço de médio porte, me qualifiquei e hoje trabalho com o empreendedorismo. Vivi a experiência de ser trabalhador, operário, cidadão e turista em um mercado onde a sustentabilidade é o mais recomendado”, diz ela que integra a Associação dos Profissionais de Turismo do Estado do Tocantins (Aprotur).
A história de Maria Arisleda reflete a de muitas outras mulheres tocantinenses que atuam em profissões consideradas baluartes da economia criativa. São profissionais ligadas ao turismo, às diversas áreas da cultura, artesanato, gastronomia, que de forma direta ou indireta colaboram com o fortalecimento econômico do Estado do Tocantins.
“Vejo a participação da mulher neste setor de uma forma muito criativa, muito mais responsável, profissional e séria. Vejo a mulher de uma forma muito empreendedora, sustentável, com pé no chão”, diz ela, ressaltando a capacidade feminina de se autoempreender e construir um legado para as futuras gerações. “Me sinto parte, me sinto responsável e feliz por fazer parte dessa genialidade chamada mulher”, reflete.
Formada em turismo há 15 anos, Carmen Carolina Reis trocou a área de eventos pelo trabalho em uma agência de turismo receptivo que operacionalizava Jalapão. “Fiquei 4 anos nessa empresa e saí para alçar novos voos e estudar; apesar de trabalhar em outras empresas de variados ramos sempre me deparava com o setor de turismo: planejamento, agência de emissivo, desenvolvimento de novos produtos, consultoria turística, dentre outras atividades que exerci, até que voltei para o turismo receptivo a convite de um amigo há dois anos”, conta.
Carol, como é mais conhecida, lembra que um dos objetivos do desenvolvimento sustentável proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU) é que se tenha mais mulheres no mercado de trabalho, em posições de liderança e com salários justos que reflitam sobretudo suas qualificações e estudos. “Estar à frente de uma empresa no setor de turismo mostra que o turismo vem avançando e proporcionando cada vez mais oportunidades, inclusive para mulheres. Apesar de ainda sermos minoria, mulheres guias no Jalapão, o mercado está aí e a força feminina, tenho certeza, está pronta”, completa.
Potencial
Segundo levantamento nacional, em 2019 o Brasil registrou a 7ª maior proporção do mundo de mulheres entre os empreendedores iniciais (empreendedores nascentes e novos), o que representa 34% dos empreendimentos nacionais liderados por mulheres. No entanto, a cada 10 empreendedores, 6,5 homens viram “donos de negócio”, enquanto entre as mulheres essa taxa é de 3,9. A proporção de negócios “por necessidade” é maior entre as mulheres: 44% criaram seu próprio negócio por necessidade, em comparação a 32% dos homens.
“No Estado do Tocantins, a presença feminina é uma referência na economia criativa, temos muitos destaques em áreas estratégicas e excelentes iniciativas, tanto individuais quanto por meio de associações”, comemora Tom Lyra, secretário de Indústria, Comércio e Serviços e presidente da Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa.
Segundo ele, o fortalecimento profissional da mulher é uma das bases do projeto de desenvolvimento da economia criativa no Estado, implementado pelo governador Mauro Carlesse. “iAs comunidades quilombolas do Jalapão, que produzem artesanato em capim dourado e as artesãs da região de Xambioá, que também desenvolvem um belíssimo trabalho por meio da XambiArt estão aí para provar a excelência das nossas mulheres”, completa Tom Lyra.