Mais do que correr para nossos objetivos, precisamos aproveitar o caminho até eles
Sabe aquele jargão popular de que só valorizamos as coisas boas em nossas vidas quando as perdemos? Muitas pessoas experimentam essa sensação em relação às oportunidades não aproveitadas quando surgem, assim como percebem que não valorizam as coisas simples da vida como beber um copo de água gelada. Não faço essa referência apenas em relação à situação que estamos vivendo em Palmas, mas sobre aquelas palavras de consideração que deixamos de falar, a gentileza sem pretensão a algum desconhecido que não poderá te beneficiar em nada.
Nesse mundo louco e apressado em que vivemos, onde o lucro é buscado com mais agressividade do que o ar puro para respirar, ser gentil é quase como um ato de fraqueza e demonstração de ingenuidade. As consequências dessa desvalorização das coisas simples e a falta de sensibilidade e gentileza entre as pessoas acabam dificultando ainda mais os relacionamentos e a saúde mental (e o setembro foi-se com seu tom amarelado). Quando muitas pessoas fazem filas nos mercados para comprar um bem tão básico e pouco apreciado como a água, precisamos parar para repensar sobre como estamos levando nossas vidas.
Nosso desafio atual é participar da construção de uma sociedade mais humana, acolhedora e compreensiva, que está se preparando para um mundo cada vez mais urgente em todos os aspectos, especialmente o tecnológico e comercial, se não desacelerarmos a vida um pouco para vivê-la também, corre o risco dela se apressar tanto a ponto de chegar ao seu fim prematuramente. Valorize as pessoas que ainda estão aqui, antes que elas partam.
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Qual foi a última vez em que você parou para conversar com alguém mais velho, ouvir seus conselhos e histórias de suas experiências? Talvez essa tenha sido uma das falhas mais desastrosas que cometemos, paramos de ouvir os mais velhos e hoje seguimos jovens e adolescentes que tentam dar dicas de tudo sobre a vida, ainda que não tenham vivido o suficiente para saber tanto e apresentar tantas “soluções” para os problemas cotidianos.
A sociedade tem se afastado do contato humano genuíno, da sabedoria que os mais velhos carregam e da simplicidade das coisas. Essa perda de conexão não apenas diminui nossa qualidade de vida, mas também nos priva de lições valiosas que só a experiência pode ensinar. Ouvir os conselhos de quem já trilhou longos caminhos é algo que nos torna mais sábios, porém, a juventude, com suas urgências e imediatismos, muitas vezes se esquece de valorizar essas vozes.
Em suma, a verdadeira riqueza da vida está nos momentos simples, nas conexões autênticas e na gentileza despretensiosa. Enquanto o mundo se apressa em busca de resultados, muitas vezes deixamos passar o que realmente importa: o cuidado com a nossa saúde mental, os laços com as pessoas queridas e a sabedoria que podemos adquirir ao ouvir e aprender com aqueles que já viveram mais do que nós. Ao valorizarmos o presente e cultivarmos gratidão pelas pequenas bênçãos diárias, como um simples copo de água gelada ou uma conversa significativa, damos sentido à vida e contribuímos para um mundo mais humano e acolhedor.
Wesley Santos
Professor, escritor e pesquisador