Palmas – Recentemente viralizou um vídeo muito interessante de uma mãe que ensinava o filho pequeno a realizar uma tarefa de matemática da escola. A mãe tentava fazer o filho entender que 2-1 é igual a 1, fazendo o filho contar usando os dedos da mão. O interessante é que quando a criança fazia a soma com os dedos, ela respondia corretamente, mas quando a mãe perguntava a ele sobre o resultado da mesma conta, desta vez, pedido para ele apenas calcular em sua mente, ele não acertava. Para quem não é da Educação parece algo simplesmente absurdo, pois estamos falando de uma criança que deva ter entre 5 e 7 anos.
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Entretanto, o raciocínio lógico e abstrato, por mais simples que seja a questão a ser respondida, nem sempre é uma tarefa tranquila para todas as crianças. Quando a mãe estimula a criança a fazer as contas com os dedos, o garoto está vendo em sua frente apenas um dedo, então é simples para ele dizer o resultado: 1. Entretanto, quando é pedido uma conta mental, os números se embaralham em sua mente e ele não consegue mais encontrar o resultado.
Existem transtornos de aprendizagem que vão desde dificuldades de concentração, até a incapacidade de realizar cálculos complexos sem auxílio de ferramentas e ajuda. Todavia estamos falando de uma criança nas primeiras fases da escola, não significa que possua discalculia ou TDAH, mas, cabe ao professor e aos pais buscarem meios precoces para identificar e realizar um acompanhamento com sua filho, a fim de que a aprendizagem não se torne um monstro assustador e implacável. Existem pessoas adultas que vivem verdadeiros traumas por situações assim na infância, que não foram resolvidas a tempo. Se hoje, quando sob pressão, pedem para você realizar um cálculo rápido, ainda que simples, você começa a gaguejar e os números se embaralham em sua mente, talvez você tenha sido uma criança pouco assistida em sua especificidade.
Para crianças com dificuldades como as que o garoto do vídeo apresentou, é necessário realizar uma intervenção, fazendo com que ele aos poucos consiga realizar cálculos mentais, começando por problemas concretos e palpáveis até ele conseguir abstrair uma conta de cabeça. Nesse sentido é importante maneirar na cobrança e ser compreensível. Assim como a mãe do garoto demonstrou empatia pelas professoras que precisam lidar com cerca de 30 crianças, quando ensinar uma já é extremamente desafiador.
O desenvolvimento cognitivo das crianças nessa faixa etária (5-7 anos) varia amplamente. Segundo Jean Piaget, um psicólogo do desenvolvimento, crianças nessa idade estão na fase pré-operacional, onde começam a desenvolver a capacidade de pensar simbolicamente, mas ainda têm dificuldade com operações lógicas abstratas. Contar com os dedos é uma estratégia concreta que ajuda a criança a visualizar o problema, mas fazer a mesma operação mentalmente requer habilidades cognitivas mais avançadas que ainda estão em desenvolvimento.
Dificuldades como a discalculia (dificuldade específica em matemática) ou o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) podem impactar a capacidade da criança de realizar cálculos mentais. No entanto, é importante não saltar para conclusões precipitadas. Crianças podem ter dificuldades temporárias ou podem precisar de métodos de ensino diferentes para entender certos conceitos.
A aprendizagem matemática pode ser um desafio para muitas crianças, e entender as necessidades individuais é crucial para fornecer o suporte adequado. Pais e professores devem trabalhar juntos para criar estratégias que ajudem a criança a transitar do concreto para o abstrato de maneira gradual e positiva, evitando traumas futuros e promovendo uma relação saudável com a matemática.
Wesley Santos
Professor, Escritor e Pesquisador da Educação