Para quem compreende o valor e a importância social da escola para um bairro, sabe que a sua função vai muito além de abrigar e educar as crianças para o futuro, na verdade, o futuro acontece dentro dos muros das escolas, vidas e famílias se encontram, criam laços que durarão por muito tempo. Posso dizer que tive excelentes professores (perfeitos? Nem de longe, mas excelentes!), pessoas com quem tive contato e boa convivência, qual não foi a surpresa quando após formado, tive o privilégio de rever e até trabalhar com antigos professores, mas acredito que a experiência mais gratificante para mim, foi ter tido a oportunidade de ser professor de um dos filhos de minha professora do ensino fundamental.
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Histórias como essas se repetem bastante hoje, quando os profissionais da educação estão se formando cada dia mais cedo, deixando a faculdade e seguindo para as salas de aula. Todavia, acredito que ainda é mais comum o professor se deparar, em sala de aula, com um filho de sua antiga aluna, já tive a oportunidade de ouvir de uma colega professora que olhou para o rostinho daquela criança, no primeiro dia de aula, e perguntou o nome de sua mãe, ao ouvir a resposta sorrindo disse: “Eu fui professora de sua mãe também, sabia?”
Ser professor é ver passar por sua sala de aula, gerações de pessoas que ocuparão os lugares na sociedade, alguns inclusive um dia poderão assumir seu próprio legado de educador. Dessa forma, as gerações estão sempre mudando e vários dos adultos de nossa época de criança, nem estão mais aqui, os que dividem conosco a sociedade são os mesmos meninos e meninas que brincavam conosco no intervalo, jogavam bola na rua de casa, subiam nas árvores com a gente para pegar manga.
Chega ser angustiante pensar que, em um mundo cheio de pessoas egoístas, egocêntricas, mau-caráter e violentas, é feito em sua maioria de crianças que foram simples e inocentes, que só queriam brincar e se divertir. Pensando nisso, me vem a célebre frase de Nelson Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.” Então, o jovem que odeia hoje, aprendeu nos últimos anos a odiar.
Precisamos ensinar às nossas crianças que, crescer não é abrir mão dos valores e princípios que aprendemos em casa e com nossos professores, que para ser adulto, você não precisa se entregar à cobiça e explorar o nosso próximo, que o ódio continua sendo uma escolha de quem pratica, não uma regra para a sobrevivência. Dessa forma, quando as gerações se encontrarem, teremos boas coisas para contar, sobre quem nos tornamos a partir de nossas experiências.